Disse com a voz mais calma, mais mágica, mais pura, mais verdadeira de todas. Baixou os olhos por momentos, as pálpebras desciam suavemente como num passo de ballet. O seu vestido de Verão em pleno Inverno dava-lhe aquela graça intemporal, mexeu um pouco as mãos e suspirou antes. Daqueles suspiros carregados de nostalgia e de pó de amor. Ajeitou uma madeixa ondulada que lhe escorria para os olhos e tinha nos lábios a doçura de um recém nascido. Finalmente pigarreou que o futuro era longínquo mas muito térreo, que os movimentos das pessoas caminhavam para ele qual comboio rápido que cumpre o seu percurso sem hesitações. Disse também que o futuro era aquela parte do tempo desconhecida, mas tão clara dentro de nós...